Tzfat ou Safed é uma cidade judaica e histórica no distrito norte de Israel, na região da Alta Galiléia, localizada a uma altitude de 900 metros acima do nível do mar e é considerada a cidade mais alta do país. Em relação ao nível do Mar da Galiléia, Tzfat está a 1215 metros de elevação.
Tzfat está identificada com Sepph, uma cidade fortificada na Alta Galiléia, mencionada nos trabalhos do historiador judeu romano Flávio Josefo. O Talmude de Jerusalém menciona a cidade como um dos cinco pontos elevados, onde fogueiras eram acesas para anunciar a Lua Nova e a Festas Bíblica durante o período do Segundo Templo.
Tzfat alcançou a fama sob o domínio dos cruzados, que construíram uma grande fortaleza ali em 1168. A fortificação foi conquistada por Saladino vinte anos mais tarde e demolida por seu neto al-Mu’azzam Isa em 1219.
Depois de ser reconquistada pelos cruzados em um tratado em 1240, uma fortaleza maior foi erguida no mesmo local, que foi ampliada e reforçada em 1268 pelo sultão mameluco Baybars, que transformou Tzfat em uma grande cidade e na capital de uma nova província que abrangia toda a Galiléia e parte do Líbano.

Foi no período de Baybars e no período Otomano que a cidade recebeu sua fama de a cidade mais mística de Israel, pois imigraram para ela importantes figuras do Judaísmo Cabalista. Um deles era o rabino Karo que nasceu na cidade de Toledo, Espanha, em 1488, em uma família rabínica bem conhecida. Eles eram descendentes do rabino Shimon Karo, que escreveu o “Yalkut Shimoni” e cujo filho, Yosef, era um estudante do renomado comentarista do Talmude, Rashi. A família do rabino Karo se mudou da Espanha para Portugal quando ele tinha quatro anos e depois, alguns anos depois, para Kushta. Em Kushta, o rabino Karo aprendeu com o pai e o tio por dezenove anos. Ele foi rapidamente reconhecido como um gênio capaz de explorar os meandros do aprendizado da Torá e interpretar a lei judaica e da Torá. Ele costumava fazer perguntas sobre a lei judaica e suas idéias e conselhos se tornaram bem conhecidos em toda a comunidade judaica.
O ARI – Durante o Século XVI, Yitzhak Luria, um alemão, era um cabalista que revolucionou o misticismo judaico, que através da sua interpretação da Sabedoria da Cabalá originou-se à Escola Luriânica. O ARI foi conhecido por suas ideias inovadoras na compreensão da criação e vários outros conceitos metafísicos. Ele criou a ideia do tzimtzum à crença de que Deus, de certa forma, encolheu-se (restringiu-se) deixando um vazio onde o mundo foi criado, ARI embora fosse de descendência Ashkenazi, preferia a liturgia das rezas sefarditas.
Estas são as duas principais figuras do misticismo judaico em Tzfat, mas com certeza não são as únicas, existem dezenas de figuras de tanta importância quanto eles para o judaísmo cabalista.
Após séculos de declínio geral, com a conquista otomana da região em 1517, deu início a quase um século de crescimento e prosperidade na cidade, durante o qual imigrantes judeus de toda a Europa chegaram e desenvolveram a cidade com um polo de produção de lã e algodão, trazendo também o movimento judaico místico, conhecido como Cabala. Neste período, a cidade se tornou a capital do Sanjak Safad, ou seja, a província de Tzfat, e era o principal centro populacional da Galiléia, com grandes comunidades muçulmanas e judaicas.
Os judeus que chegaram na região foram ajudados pela judia Portuguesa e Bilionária, Dona Gracia.
Devido à sua alta altitude, Tzfat tem verões quentes e invernos frios e com muita neve. Seu clima é ameno e suas vistas panorâmicas fizeram de Safed um resort popular de férias frequentado por israelenses e visitantes estrangeiros. Em 2018, sua população era de 35.715 habitantes.

Referência bíblica
Segundo uma lenda, Tzfat foi fundada por um filho de Noé após o Grande Dilúvio. De acordo com o Livro de Juízes (Juízes 1:17), a área em que Tzfat é onde estava localizada a tribo de Naftali.
Além disso, uma sugestão é de que a afirmação que Jesus fez sobre “uma cidade situada em uma colina não pode ser escondida” pode ter se referido a Tzfat, pois ela pode ser vista claramente das margens do Mar da Galiléia onde ele e seus discípulos viviam.
Após o longo declínio do império otomano na região, o que causou o empobrecimento e abandono de muitas cidades no país, o domínio otomano foi restaurado em todo o Levante em 1840. Junto com isso, começaram as reformas do Tanzimat em todo o Império, que foram adotadas pela primeira vez na década de 1840, e levaram a um aumento constante na população e na economia de Tzfat. Em 1849, Tzfat tinha uma população total estimada em 5.000, dos quais 2.940-3.440 eram muçulmanos, 1.500-2.000 eram judeus e 60 eram cristãos.
Em 1878, o conselho municipal de Tzfat foi estabelecido. A população de Tzfat chegou a mais de 15.000 em 1879, dos quais 8.000 eram muçulmanos e 7.000 judeus. Muitos dos judeus de Tzfat saíram da cidade e ajudaram a formar as novas colônias judaicas na região do Golan e na Baixa Galiléia.
Durante o mandato Britânico, apartir de 1927, Tzfat se tornou o centro do subdistrito de Safad. Segundo um censo realizado em 1922 pelas autoridades do mandato britânico, Safed tinha uma população de 8.761 habitantes, composta por 5.431 muçulmanos, 2.986 judeus, 343 cristãos e outros. Safed permaneceu uma cidade mista durante o mandato britânico e as tensões étnicas entre judeus e árabes aumentaram durante a década de 1920. Durante a revolta árabe de 1929, Safed e Hebron se tornaram os principais pontos de conflito. No massacre de Tzfat, 20 judeus foram mortos por árabes locais, o que causou um êxodo da população judaica, a cidade estava incluída na parte do país destinado para o futuro estado judaico proposto sob o Plano de Partição das Nações Unidas.

A Conquista Milagrosa de Tzfat na Guerra da Independência
Em 1948, a cidade abrigava cerca de 12.000 árabes e cerca de 1.700 judeus, principalmente religiosos e idosos. Após a decisão dos britânicos de abandonar a região, em 5 de janeiro de 1948, os árabes atacaram o bairro judeu. Em fevereiro de 1948, durante a guerra civil, os árabes muçulmanos atacaram um ônibus judeu tentando chegar a Safed, e o bairro judeu da cidade foi sitiado pelos muçulmanos. As forças britânicas presentes não intervieram. Segundo Martin Gilbert, os suprimentos de comida ficaram escassos. “Até água e farinha estavam em falta desesperadamente. A cada dia, os atacantes árabes se aproximavam do coração do bairro judeu, explodindo sistematicamente casas judias enquanto pressionavam a área central”.
Em 16 de abril, no mesmo dia em que as forças britânicas evacuaram Safed, 200 milicianos árabes locais, apoiados por mais de 200 soldados do Exército de Libertação Árabe, tentaram dominar o bairro judeu da cidade. Eles foram repelidos pela guarnição judaica, composta por cerca de 200 combatentes da Haganah, homens e mulheres, impulsionados por um pelotão de Palmach.
O fato é, que na manha do dia seguinte, por causa do barulho da artilharia e não dos danos, e uma chuva torrencial, surgiu entre os árabes o temor de que os judeus estavam utilizando bomba nuclear. Eles associaram o que aconteceu em Hiroshima, a chuva radioativa após a explosão, que souberam somente pelos jornais ou rádio, o que estava acontecendo com eles. Mas que nós sabemos que não existem nenhuma semelhança, pois os judeus tinham um equipamento muito precário. E simplesmente decidiram fugir, abandonando até mesmo os pratos sobre as mesas.
Foi assim, que milagrosamente Tzfat caiu em mãos judaicas, a população árabe que era 10 vezes maior que a judaica, simplesmente abandonou a região rumo a Samaria, o que aumentou em muito a população nesta região. Entre as famílias árabes que abandonaram a região, estava a família de Mahmoud Abbas, Abu Mazen, o atual presidente da Autoridade Palestina e líder da Fatah.
Estes acontecimentos nos fazem lembrar os relatos bíblicos em que os inimigos de Israel eram afugentados apenas pelos rumores e barulhos, ou simplesmente pelo Anjo do Senhor. A população judaica de Tzfat, que há havia sido massacrada e muitos haviam abandonado a cidade, era agora de cerca de 10% da população da cidade, e milagrosamente, conseguiram prevalecer e conquistar a cidade das mãos de uma população que era 10 vezes maior.
Tzfat Após a Independência do Estado de Israel
Após a fundação do Estado de Israel, a cidade foi aos poucos sendo populacionada com família judaicas, principalmente por novos imigrantes oriundo da Europa Orienta e Rússia. Em 1974, 25 judeus israelenses (principalmente crianças em idade escolar) de Tzfat, foram assassinados em um atentado palestino, durante o massacre de Ma’alot.

Nos anos 90 e início dos anos 2000, a cidade recebeu milhares de imigrantes judeus russos e a Beta Israel, os judeus negros da Etiópia. Em julho de 2006, os foguetes “Katyusha” foram disparados pelo Hezbollah do sul do Líbano e atingiram de cheio a cidade, matando um homem e ferindo outros cidadãos. Muitos moradores fugiram da cidade para se abrigar na região central, e voltaram após o conflito. Em 22 de julho de 2006, quatro pessoas ficaram feridas em um ataque com mísseis.
A cidade continua seu status único de centro de estudos judaicos, incorporando inúmeras instalações. Em 2010, dezoito rabinos seniores liderados pelo rabino chefe de Tzfat, Shmuel Eliyahu, emitiram um decreto pedindo aos moradores da cidade que não alugassem ou vendessem propriedades para os árabes. Os árabes constituem uma proporção fracionária da população, estudam na cidade cerca de 1.300 estudantes árabes no Safed Academic College, uma faculdade de medicina.
Sinagogas importantes em Tzfat
A Sinagoga Sefardita Ari
A sinagoga mais antiga de Safed é a Sinagoga Sefardita Ari, fundada em 1522. Aparentemente, essa sinagoga era a favorita do rabino Yitzhak Luria (conhecido como o grande Ari) que orava e estudava neste local. Também contemplava a tumba do rabino Shimon bar Yochai e o monte Meron. Esta sinagoga foi completamente destruída durante os dois grandes terremotos em Safed. Foi, no entanto, restaurado por um filantropo judeu da Itália. Durante a Guerra da Independência em 1948, a sinagoga realmente desempenhou um papel estratégico. Foi usada como fortaleza militar estratégica pelos judeus para defender Safed contra os árabes em 1948.

A Sinagoga de Alshekh
Essa sinagoga foi uma das únicas que não foi destruída durante o terremoto em 1837. É nomeada para o rabino Moses Alshekh, que foi um dos principais cabalistas no século XVI. Tem um belo teto abobadado e é pintado de azul, assim como muitas portas e casas da região. O azul simboliza o céu e o reino de Deus, e também é pensado para afastar o espírito maligno.
A Sinagoga de Abuhav
Esta sinagoga homenageia o grande sábio espanhol do século XV, rabino Isaac Abuhav. Ele é projetado com idéias cabalísticas, com quatro pilares centrais que representam terra, água, ar e fogo. As dez janelas da cúpula representam os Dez Mandamentos e as figuras ali destinadas a representar as 12 tribos de Israel. Um dos pergaminhos da Torá na arca foi realmente escrito pelo rabino Abuhav e é usado apenas em Yom Kipur, Shavuot e Rosh Hashana. Diz a lenda que apenas este muro, que continha a Torá, não foi ferido no terremoto de 1837, enquanto o resto da sinagoga foi destruído.
A Sinagoga Caro
Esta sinagoga foi reconstruída após o terremoto em 1837. Antes de sua destruição pelo terremoto, era um lugar onde o rabino-chefe do século 16 de Safed, Yosef Caro, produzia suas grandes obras e ensinamentos sobre como viver uma maravilhosa vida judaica. Diz a tradição que um anjo apareceu ao rabino Caro no cofre que fica embaixo da sinagoga. Um dos Livros da Torah na arca tem mais de 500 anos.