Jabes Gileade, uma cidade bíblica na Jordânia

Jabes Gileade é uma antiga cidade bíblica no território da tribo de Gade, ao leste do Rio Jordão, entre o vale e as montanhas de Gileade ao oriente. A identificação exata de sua localização ainda não foi confirmada, mas trazemos aqui o local onde a grande maioria dos pesquisadores aceitam ser o mais apropriado. Esta ruína do período bíblico está exatamente de acordo com os relatos geográficos descritos nas escrituras sagradas, além disso, o leito do riacho que se pode ver claramente nas imagens que publicamos aqui, se chama Wadi Yabes, em árabe, riacho de Jabes.

A cidade bíblica está localizada a cerca de 34 quilômetros ao do Mar da Galiléia e distante somente 14 quilômetros da cidade bíblica de Beit Shean, e apenas 16 quilômetros do Monte Gilboa. Portanto, estas ruínas que são chamadas pelos árabes de Tell Abu al-Kharaz que significa “colina do pai das contas”, uma referência a uma espécie de terço, usado pelos sheiks para contar suas rezas. O que demonstra que se habitava no alto da colina no passado.

A primeira citação da cidade de Jabes-Gileade está relacionada ao período dos juízes, como a retribuição feita à tribo vizinha de Benjamim, pela sua tolerância a imoralidade. (Jz 21:8).

Neste episódio, os israelitas praticamente exterminaram toda a tribo de Benjamim, sendo que escaparam apenas 600 varões. Os israelitas notaram que nenhum homem de Jabes-Gileade havia participado da luta contra os benjamitas. Sendo assim, determinou-se que todos os homens, mulheres e crianças de Jabes-Gileade, com exceção das virgens, fossem mortos. As 400 virgens sobreviveram, foram então dadas como esposas aos varões benjamitas, afim de impedir a extinção da tribo conforme podemos ler a seguir:

Então saíram todos os filhos de Israel, desde Dã até Berseba, e desde a terra de Gileade, e a congregação, como se fora um só homem, se ajuntou diante do senhor em Mizpá. Os homens principais de todo o povo, de todas as tribos de Israel, apresentaram-se na assembléia do povo de Deus; eram quatrocentos mil homens de infantaria que arrancavam da espada. (Ora, ouviram os filhos de Benjamim que os filhos de Israel haviam subido a Mizpá). E disseram os filhos de Israel: Dizei-nos, de que modo se cometeu essa maldade? Então respondeu o levita, marido da mulher que fora morta, e disse: Cheguei com a minha concubina a Gibeá, que pertence a Benjamim, para ali passar a noite; e os cidadãos de Gibeá se levantaram contra mim, e cercaram e noite a casa em que eu estava; a mim intentaram matar, e violaram a minha concubina, de maneira que morreu. Então peguei na minha concubina, dividi-a em pedaços e os enviei por todo o país da herança de Israel, porquanto cometeram tal abominação e loucura em Israel: Eis aqui estais todos vós, ó filhos de Israel; dai a vossa palavra e conselho neste caso. Então todo o povo se levantou como um só homem, dizendo: Nenhum de nós irá à sua tenda, e nenhum de nós voltará a sua casa. Mas isto é o que faremos a Gibeá: subiremos contra ela por sorte; tomaremos, de todas as tribos de Israel, dez homens de cada cem, cem de cada mil, e mil de cada dez mil, para trazerem mantimento para o povo, a fim de que, vindo ele a Gibeá de Benjamim, lhe faça conforme toda a loucura que ela fez em Israel. Assim se ajuntaram contra essa cidade todos os homens de Israel, unidos como um só homem. Então as tribos de Israel enviaram homens por toda a tribo de Benjamim, para lhe dizerem: Que maldade é essa que se fez entre vós? Entregai-nos, pois, agora aqueles homens, filhos de Belial, que estão em Gibeá, para que os matemos, e extirpemos de Israel este mal. Mas os filhos de Benjamim não quiseram dar ouvidos à voz de seus irmãos, os filhos de Israel; pelo contrário, das suas cidades se ajuntaram em Gibeá, para saírem a pelejar contra os filhos de Israel: Ora, contaram-se naquele dia dos filhos de Benjamim, vindos das suas cidades, vinte e seis mil homens que arrancavam da espada, afora os moradores de Gibeá, de que se sentaram setecentos homens escolhidos. Entre todo esse povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, cada um dos quais podia, com a funda, atirar uma pedra a um fio de cabelo, sem errar. Contaram-se também dos homens de Israel, afora os de Benjamim, quatrocentos mil homens que arrancavam da espada, e todos eles homens de guerra. Então, levantando-se os filhos de Israel, subiram a Betel, e consultaram a Deus, perguntando: Quem dentre nós subirá primeiro a pelejar contra Benjamim ? Respondeu o Senhor: Judá subirá primeiro. Levantaram-se, pois, os filhos de Israel pela manhã, e acamparam contra Gibeá. E os homens de Israel saíram a pelejar contra os benjamitas, e ordenaram a batalha contra eles ao pé de Gibeá. Então os filhos de Benjamim saíram de Gibeá, e derrubaram por terra naquele dia vinte e dois mil homens de Israel. Mas esforçou-se o povo, isto é, os homens de Israel, e tornaram a ordenar a batalha no lugar onde no primeiro dia a tinham ordenado. E subiram os filhos de Israel, e choraram perante o Senhor até a tarde, e perguntaram-lhe: Tornaremos a pelejar contra os filhos de Benjamim, nosso irmão? E disse o Senhor: Subi contra eles. Avançaram, pois, os filhos de Israel contra os filhos de Benjamim, no dia seguinte. Também os de Benjamim, nesse mesmo dia, saíram de Gibeá ao seu encontro e derrubaram por terra mais dezoito mil homens, sendo todos estes dos que arrancavam da espada. Então todos os filhos de Israel, o exército todo, subiram e, vindo a Betel, choraram; estiveram ali sentados perante o Senhor, e jejuaram aquele dia até a tarde; e ofereceram holocaustos e ofertas pacíficas perante ao Senhor. Consultaram, pois, os filhos de Israel ao Senhor (porquanto a arca do pacto de Deus estava ali naqueles dias; e Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, lhe assistia), e perguntaram: Tornaremos ainda a sair à pelejar contra os filhos de Benjamim, nosso irmão, eu desistiremos? Respondeu o Senhor: Subi, porque amanhã vo-los entregarei nas mãos. Então Israel pôs emboscadas ao redor de Gibeá. E ao terceiro dia subiram os filhos de Israel contra os filhos de Benjamim e, como das outras vezes, ordenaram a batalha junto a Gibeá. Então os filhos de Benjamim saíram ao encontro do povo, e foram atraídos da cidade. e começaram a ferir o povo como das outras vezes, matando uns trinta homens de Israel, pelos caminhos, um dos quais sobe para Betel, e o outro para Gibeá pelo campo. Pelo que disseram os filhos de Benjamim: Vão sendo derrotados diante de nós como dantes. Mas os filhos de Israel disseram: Fujamos, e atraiamo-los da cidade para os caminhos. Então todos os homens de Israel se levantaram do seu lugar, e ordenaram a batalha em Baal-tamar; e a emboscada de Israel irrompeu do seu lugar, a oeste de Geba. Vieram contra Gibeá dez mil homens escolhidos de todo o Israel, e a batalha tornou-se rude; porém os de Gibeá não sabiam que o mal lhes sobrevinha. Então o Senhor derrotou a Benjamim diante dos filhos de Israel, que destruíram naquele dia vinte e cinco mil e cem homens de Benjamim, todos estes dos que arrancavam da espada. Assim os filhos de Benjamim viram que estavam derrotados; pois os homens de Israel haviam cedido terreno aos benjamitas, porquanto estavam confiados na emboscada que haviam posto contra Gibea; e a emboscada, apressando-se, acometeu a Gibeá, e prosseguiu contra ela, ferindo ao fio da espada toda a cidade: Ora, os homens de Israel tinham determinado com a emboscada um sinal, que era fazer levantar da cidade uma grande nuvem de fumaça. Viraram-se, pois, os homens de Israel na peleja; e já Benjamim cemeçara a atacar es homens de Israel, havendo morto uns trinta deles; pelo que diziam: Certamente vão sendo derrotados diante de nós, como na primeira batalha. Mas quando o sinal começou a levantar-se da cidade, numa coluna de fumaça, os benjamitas olharam para trás de si, e eis que toda a cidade subia em fumaça ao céu. Nisso os homens de Israel se viraram contra os de Benjamim, os quais pasmaram, pois viram que o mal lhes sobreviera. Portanto, virando as costas diante dos homens de Israel, fugiram para o caminho do deserto; porém a peleja os apertou; e os que saíam das cidades os destruíam no meio deles. Cercaram os benjamitas e os perseguiram, pisando-os desde Noá até a altura de Gibeá para o nascente do sol. Assim caíram de Benjamim dezoito mil homens, sendo todos estes homens valorosos. Então os restantes, virando as costas fugiram para deserto, até a penha de Rimom; mas os filhos de Israel colheram deles pelos caminhos ainda cinco mil homens; e, seguindo-os de perto até Gidom, mataram deles mais dois mil. E, todos, os de Benjamim que caíram naquele dia oram vinte e cinco mil homens que arrancavam da espada, todos eles homens valorosos. Mas seiscentos homens viraram as costas e, fugindo para o deserto, para a penha de Rimom, ficaram ali quatro meses. E os homens de Israel voltaram para os filhos de Benjamim, e os passaram ao fio da espada, tanto os homens da cidade como os animais, tudo quanto encontraram; e a todas as cidades que acharam puseram fogo.

Ora, os homens de Israel tinham jurado em Mizpá dizendo: Nenhum de nós dará sua filha por mulher aos benjamitas. Veio, pois, o povo a Betel, e ali ficou sentado até a tarde, diante de Deus; e todos, levantando a voz, fizeram grande pranto, e disseram: Ah! Senhor Deus de Israel, por que sucedeu isto, que falte uma tribo em Israel? No dia seguinte o povo levantou-se de manhã cedo, edificou ali um altar e ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas. E disseram os filhos de Israel: Quem dentre todas as tribos de Israel não subiu à assembléia diante do Senhor? Porque se tinha feito um juramento solene acerca daquele que não subisse ao Senhor em Mizpá, dizendo: Certamente será morto. E os filhos de Israel tiveram pena de Benjamim, seu irmão, e disseram: Hoje é cortada de Israel uma tribo. Como havemos de conseguir mulheres para os que restam deles, desde que juramos pelo Senhor que nenhuma de nossas filhas lhes daríamos por mulher? Então disseram: Quem é que dentre as tribos de Israel não subiu ao Senhor em Mizpá? E eis que ninguém de Jabes-gileade viera ao arraial, à assembléia. Porquanto, ao contar-se o povo, nenhum dos habitantes de Jabes-gileade estava ali. Pelo que a congregação enviou para lá doze mil homens dos mais valorosos e lhes ordenou, dizendo: Ide, e passai ao fio da espada os habitantes de Jabes-gileade, juntamente com as mulheres e os pequeninos. Mas isto é o que haveis de fazer: A todo homem e a toda mulher que tiver conhecido homem, totalmente destruireis. E acharam entre os moradores de Jabes-gileade quatrocentas moças virgens, que não tinham conhecido homem, e as trouxeram ao arraial em Siló, que está na terra de Canaã. Toda a congregação enviou mensageiros aos filhos de Benjamim, que estavam na penha de Rimom, e lhes proclamou a paz. Então voltaram os benjamitas, e os de Israel lhes deram as mulheres que haviam guardado com vida, das mulheres de Jabes-gileade; porém estas ainda não lhes bastaram.

Juízes 20:1–21:14

 

Cerca de rês séculos mais tarde, após o povo ter pedido um rei sobre todo o Israel, tal como as outras nações, os amonitas ameaçavam furar o olho direito de todo varão que morava em Jabes-Gileade, ameaça que só foi removida quando Saul recrutou uma força de 330.000 homens e pôs os amonitas em fuga, conforme podemos ler a seguir:

Então subiu Naás, o amonita, e sitiou a Jabes-gileade. E disseram todos os homens de Jabes a Naás: Faze aliança conosco, e te serviremos. Respondeu-lhes, porém, Naás, o amonita: Com esta condição farei aliança convosco: que a todos vos arranque o olho direito; assim porei opróbrio sobre todo o Israel. Ao que os anciãos de Jabes lhe disseram: Concede-nos sete dias, para que enviemos mensageiros por todo o território de Israel; e, não havendo ninguém que nos livre, entregar-nos-emos a ti. Então, vindo os mensageiros a Gibeá de Saul, falaram estas palavras aos ouvidos do povo. Pelo que todo o povo levantou a voz e chorou. E eis que Saul vinha do campo, atrás dos bois; e disse Saul: Que tem o povo, que chega? E contaram-lhe as palavras dos homens de Jabes. Então o Espírito de Deus se apoderou de Saul, ao ouvir ele estas palavras; e acendeu-se sobremaneira a sua ira. Tomou ele uma junta de bois, cortou-os em pedaços, e os enviou por todo o território de Israel por mãos de mensageiros, dizendo: Qualquer que não sair após Saul e após Samuel, assim se fará aos seus bois. Então caiu o temor do Senhor sobre o povo, e acudiram como um só homem. Saul passou-lhes revista em Bezeque; e havia dos homens de Israel trezentos mil, e dos homens de Judá trinta mil. Então disseram aos mensageiros que tinham vindo: Assim direis aos homens de Jabes-gileade: Amanhã, em aquentando o sol, vos virá livramento. Vindo, pois, os mensageiros, anunciaram-no aos homens de Jabes, os quais se alegraram. E os homens de Jabes disseram aos amonitas: Amanhã nos entregaremos a vós; então nos fareis conforme tudo o que bem vos parecer. Ao outro dia Saul dividiu o povo em três companhias; e pela vigília da manhã vieram ao meio do arraial, e feriram aos amonitas até que o dia aquentou; e sucedeu que os restantes se espalharam de modo a não ficarem dois juntos. Então disse o povo a Samuel: Quais são os que diziam: Reinará porventura Saul sobre nós? Dai cá esses homens, para que os matemos. Saul, porém, disse: Hoje não se há de matar ninguém, porque neste dia o senhor operou um livramento em Israel:

1 Samuel 11:1–13

Cerca de quarenta anos mais tarde, após sangrenta batalha entre os filisteus e os israelitas, Saul e Jônatas caíram em batalha e foram decapitados, seus corpos pendurados no muro da praça pública de Bete-Seã, Beit Shean em Hebraico. Ao saberem do ocorrido, os valentes de Jabes-Gileade fizeram uma operação noturna, entrando em Beit Shean e removendo os cadáveres de Saul e Jônatas. Por fim eles trouxeram-nos a Jabes-Gileade, e deram aos ossos um sepultamento respeitoso conforme podemos ler a seguir:

Assim morreram juntamente naquele dia Saul, seus três filhos, e seu escudeiro, e todos os seus homens. Quando os israelitas que estavam no outro lado do vale e os que estavam além de Jordão viram que os homens de Israel tinham fugido, e que Saul e seus filhos estavam mortos, abandonaram as suas cidades e fugiram; e vieram os filisteus e habitaram nelas. No dia seguinte, quando os filisteus vieram para despojar os mortos, acharam Saul e seus três filhos estirados no monte Gilboa. Então cortaram a cabeça a Saul e o despejaram das suas armas; e enviaram pela terra dos filisteus, em redor, a anunciá-lo no templo dos seus ídolos e entre e povo, Puseram as armas de Saul no templo de Astarote; e penduraram o seu corpo no muro de Bete-sã. Quando os moradores de Jabes-gileade ouviram isso a respeito de Saul, isto é, o que os filisteus lhe tinham feito, todos os homens valorosos se levantaram e, caminhando a noite toda, tiraram e corpo de Saul e os corpos de seus filhos do muro de Bete-sã; e voltando a Jabes, ali os queimaram. Depois tomaram os seus ossos, e os sepultaram debaixo da tamargueira, em Jabes, e jejuaram sete dias.

1 Samuel 31:6–13

Arqueologia em Jabes Gilead

A identificação de Jabesh-Gilead tem sido estudada há muito tempo. Nas décadas de 1940 e 1950, o estudioso norte-americano Nelson Glueck dedicou atenção especial à discussão sobre se Tell Abu al-Kharaz, no vale do Jordão, que fica junto a Wadi el-Yabis (o rio Jabesh), que deságua na planície do Vale do Jordão.

À luz das conclusões de Glueck, foi feita uma identificação positiva de Tell Abu al-Kharaz com Jabesh Gilead. Ele expressa alguns pontos válidos, mas tornou-se óbvio durante as Escavações Suecas em Tell Abu al-Kharaz de 1989 a 2008 (e ainda em curso) que são dirigidas por Peter M. Fischer que apenas evidências arqueológicas distintas poderiam apoiar sua teoria. Há indícios da Era de Ferro I, ou seja o período dos Juízes, e da Era de Bronze IIA que se enquadram no período dos eventos bíblicos mencionados acima.

Deve-se destacar, no entanto, que os principais objetivos das escavações suecas são estudar a sequência ocupacional geral de Tell Abu al-Kharaz, que remonta a aprox. 3200 AC, a Idade do Bronze, período dos caneneus, e início da era de Ferro.

Em nossa jornada a Jabes Gileade podemos perceber o quão próximo são as cidades de ambos os lados do vale do Jordão, e no passado faziam parte de um mesmo país, a Terra de Israel. Em nossos dias, fazer uma jornada entre o Monte Gilboa, Beit Shean e Jabes Gilead é algo bastante complicado. Além da burocracia de passar uma fronteira internacional, tem que se pagar muitas taxas, alugar um carro, tomar cuidado para não se perder ou usar um guia local, infelizmente, se você não sabe exatamente onde é, eles não vão te levar ali, pois não o conhecem.

Felizmente, através de nossas pesquisas podemos chegar exatamente onde aconteceram os relatos bíblicos. E trazemos aqui para vocês este documentário exclusivo.