Os 89 Anos de Um Grande Líder de Israel

“O meu objetivo na vida é servir o meu povo. O serviço mais importante para o povo de Israel é a construção do país através do trabalho na terra; sem ele, não haveria ligação ao nosso solo” (Shimon Peres aos 15 anos).

No início do ano de 1942 os jovens do Mifleguet HaAvoda HaYisraelit, o Partido Trabalhista de Israel, organizaram uma expedição clandestina até a antiga Fortaleza de Massada. O acesso ao local estava proibido aos judeus tanto pelos árabes quanto pelos ingleses e chegar até ela era uma tarefa das mais complicadas.

Quem vai à Massada atravessa campo aberto, com pouca vegetação e visibilidade a 100%. Entretanto, diferentemente das boas autoestradas e do moderníssimo teleférico que conduz os turistas ao topo da montanha nos dias de hoje, naquela época chegar ao local era tarefa das mais complicadas.

Yitzhak Rabin, Tzvi Tzur, David Ben Gurion e Shimon Peres, um dos últimos grandes heróis vivos da História de Israel.

Se por um lado as autoridades britânicas haviam proibido expressamente a presença de judeus no local, por outro o seu acesso estava duplamente dificultado. Em 1927 um terremoto destruíra parte dos meios de acesso, o “Caminho das Serpentes” e o “Caminho Negro”, e aquilo que a natureza não fizera os ingleses deram uma mãozinha destruindo o que restara das antigas estradas que levavam ao topo.

Para os jovens israelenses que foram escolhidos a dedo para a tal expedição, a viagem revestia-se de uma simbologia emblemática. Último bastião da resistência contra Roma, entre 72 e 73 d.C., Massada tornara-se um símbolo para todos os judeus ao longo dos séculos e, particularmente naqueles dias. Os jovens imigrantes que sonhavam com a libertação total de sua terra, viam em Massada a prova concreta do direito que o povo judeu tinha Eretz Yisrael.

Encarregaram o arqueólogo Shmaria Gutman do planejamento da viagem e reuniram um grupo de quarenta e sete jovens, homens e mulheres, tanto da Juventude Trabalhista quanto do Palmach, um grupo de resistência militar fundado menos de um ano antes e que tinha por objetivo defender a Terra de Israel de possíveis ataques vindos das tropas de Hitler e seus aliados.

Programada para durar dez dias, a expedição foi organizada dentro do mais estrito sigilo, mesmo entre os judeus. Cada convidado recebia bilhetes manuscritos com orientações sobre como procederem.

Partiram do Kibbutz Na’an num caminhão que também acomodava utensílios de escavação, estacas, cordas para escalada, material de primeiros, provisões alimentares e livros sobre a Fortaleza.

Entre os 47 escolhidos estava um franzino jovem de 19 anos, imigrante que nascera em Wiśniewo, uma vila do Condado de Trzebnica, na Baixa Silésia, Polônia, cujo nome era Szymon Perski e que chegara a Eretz Yisrael havia quatro anos.

A viagem começou no dia 24 de Janeiro de 1942 e o velho caminhão levou-os apenas até a cidade de Hebron. Deste ponto, os jovens partiram, a pé, pelo deserto da Judeia utilizando como apoio na primeira parte da jornada três camelos que foram alugados em uma aldeia árabe. Uma vez dispensados os camelos, os jovens prosseguiram viagem, mochilas às costas, até chegar à Fortaleza de Massada.

Meus filhos, Jordana e Josh, na base de Massada. Hoje há modernos meios de chegar-se ao cume, mas por esta imagem podemos perceber o quão desafiante foi para o grupo onde estava Shimon Peres alcançar o topo de Massada.

Depois de uma difícil escalada, os jovens chegaram ao cimo da montanha e de lá vislumbraram a paisagem bíblica que descortinava-se diante dos seus olhos. Era o dia 27 de Janeiro de 1942 e aqueles destemidos pioneiros passaram lá cinco emocionantes dias. Antes de descerem, enterraram no solo rochoso da fortaleza, um pergaminho onde estava escrito: “Massada não mais voltará a cair!”

Daquele corajoso grupo de jovens, Szymon Perski, atualmente um dos poucos sobreviventes, é conhecido hoje pelo nome hebraico de Shimon Peres, é o atual presidente do Estado de Israel e faz 89 anos nesta quinta-feira, 02 de Agosto de 2012.

Ao longo dos próximos 12 meses, o Blog Notícias de Sião publicará reportagens especiais falando da vida deste que é um dos últimos heróis vivos da recente História de Israel. Nosso objetivo é que os leitores do Notícias de Sião, concordantes ou não das posições ideológicas do grande líder, conheçam um pouco mais sobre este gigantesco estadista, a quem o autor do Blog teve o privilégio de conhecer pessoalmente.

DE PERSKI A PERES

Quando chegou a Israel, em 1938, Szymon Perski tinha 15 anos e, como muitos imigrantes, procurava um nome hebraico com o qual pudesse se identificar. A escolha demorou longos sete anos sendo que a inspiração ocorreu durante outra viagem emblemática rumo a terras proibidas aos judeus.

No início do ano de 1945, com a Alemanha Nazista agonizando na Segunda Guerra Mundial e os horrores da Shoah (Holocausto) atingindo o ápice, Szymon Perski organizou pessoalmente outra expedição, desta vez rumo ao sul, à região onde hoje fica o deslumbrante balneário de Eilat.

Além do arqueólogo Shmaria Gutman, que estivera na expedição à Massada, Persky convidara um zoólogo chamado Mendelson. Durante a viagem, que além dos dois cientistas era composta por 14 jovens da Juventude Trabalhista e do Palmach, o grupo deparou-se com uma imponente ave pousada sobre uma rocha. Com as asas abertas a envergadura chegava aos incríveis dois metros e meio de largura. Impressionado com a imponência da ave, Szymon Perski ouviu do zoólogo Dr. Mendelson que se tratava de um Peres, um abutre-barbudo mais imponente e poderoso que a própria águia.

Atencioso, Szymon Perski anotou os dados no seu diário de viagem e naquele momento, no Deserto do Neguev, nasceu a inspiração para o nome que haveria de adotar e que marcaria a História de Israel de forma indelével: Shimon Peres!

Se os Estados Unidos têm a Águia como símbolo, Israel tem o seu Peres, Shimon Peres!

UM FASCINANTE REGISTRO HISTÓRICO

Em Setembro de 1938, o até então Szymon Perski candidatou-se como estudante no moshav Ben-Shemen. Os moshavim, “assentamentos ou vilas” em hebraico, são um tipo de comunidade rural coletiva, existentes até os dias de hoje, e que têm algumas similaridades com os kibbutzim. Para aceder a estas comunidades o aspirante deveria escrever uma carta, de próprio punho, explicando as razões pelas quais achava-se um candidato ideal. Eis aqui abaixo a íntegra da “exposição” feita por Shimon Peres, que na altura em que tinha apenas 15 anos!

“O meu objetivo na vida é servir o meu povo. O serviço mais importante para o povo de Israel é a construção do país através do trabalho na terra; sem ele, não haveria ligação ao nosso solo.

Uma vida de vendas, empréstimos de dinheiro, comércio, é uma vida vazia. É como um balão, que qualquer brisa pode levar para longe, longe.

Povo de Israel! Durante dois mil anos comerciastes, tornaste-te rico, enriqueceste nações e povos, mas onde está a vossa felicidade? Onde, judeus assimilados pelos alemães, onde está a vossa riqueza, onde estão as vossas posições elevadas?

Ah! Sois como um balão que podemos furar como uma pequena agulha, que colapse e cai.

Povo de Israel! Redime a terra! Agarra-te a ela! A terra curará a tua alma mutilada e quebrada; irá curar as tuas costas dobradas, que carregam o pesado fardo do exílio, há dois mil anos.

Temos suficientes médicos, professores e pessoas com educação. Juventude Judaica! Precisamos de trabalhadores simples na terra. O meu lugar não é na cidade, mas na aldeia, atrás do arado! Nos campos!

Quando vim para Ben-Shemen, vi o meu objetivo em todo o seu esplendor. Quando vi a simplicidade, a sinceridade, a vida social desenvolvida, os robustos rapazes e moças, saudáveis de corpo e alma, o meu espírito voou.

Saudações de um filho do povo sofredor, que aspira a trabalhar na terra dos seus antepassados.

Assinado: Shimon Persky.

YOM HULEDET SAME’ACH SHIMON PERES!

Neste dia 02 de Agosto de 2012 começamos esta série de reportagens ao mesmo tempo que desejamos ao grande presidente do Estado de Israel nossos votos de um feliz e abençoado aniversário. Yom Huledet Same’ach Presidente!

Fonte: http://noticiasdesiao.wordpress.com/