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Israel Pressiona o Hezbollah e o Mundo Teme uma Nova Guerra no Norte
Enquanto as atenções globais permanecem voltadas para Gaza, o sul do Líbano torna-se novamente palco de uma escalada perigosa. Nos últimos dias, ataques aéreos atribuídos a Israel atingiram alvos próximos à cidade de Kharouf, na província de Nabatieh, matando um indivíduo identificado por fontes locais como ligado à estrutura logística do Hezbollah. O episódio reacende o temor de uma ofensiva terrestre israelense — algo que jornais libaneses já tratam como “a solução inevitável”.
O jornal Nidaa al-Watan, de Beirute, estampou a manchete provocadora: “Invasão israelense é a solução?”. A questão reflete o dilema que domina o país: entre resistir e sobreviver, o Líbano se vê encurralado por um conflito que não escolheu, mas que o consome lentamente.
Israel intensifica ataques cirúrgicos no sul libanês
Segundo o diário israelense Israel Hayom, as Forças de Defesa de Israel (IDF) vêm conduzindo uma série de ataques precisos contra o que descrevem como “infraestruturas terroristas do Hezbollah”. Alvos incluem depósitos de armas, comboios e centros de comando usados pelo grupo.
Fontes militares citadas pelo jornal afirmam que os bombardeios visam enfraquecer a rede militar do Hezbollah e impedir que a organização repita o tipo de ofensiva que o Hamas realizou contra Israel em outubro de 2023.
No entanto, analistas ouvidos por veículos como The Guardian e Washington Post alertam que o conflito já ultrapassa os limites da “dissuasão preventiva”. Os ataques se tornaram quase diários, e a fronteira norte de Israel é hoje uma das regiões mais tensas do Oriente Médio.
O Hezbollah sob pressão — e a população no fogo cruzado
Em declaração recente, um porta-voz do Hezbollah acusou Israel de atingir inclusive áreas civis e econômicas, alegando que “as metas militares já foram esgotadas” e que agora o objetivo seria enfraquecer o moral da população libanesa.
De fato, a região sul do Líbano sofre há meses com destruição de estradas, plantações e infraestrutura básica. O Ministério da Saúde libanês contabiliza centenas de civis mortos e feridos desde o início dos bombardeios de 2024. Milhares foram deslocados e vivem em abrigos improvisados.
Uma invasão em debate
Fontes de segurança ouvidas por jornais libaneses afirmam que o líder do Hezbollah, teme uma operação terrestre israelense de grande escala — algo que poderia mudar completamente o equilíbrio político e militar no país.
O analista libanês Najm al-Hashem afirmou ao Nidaa al-Watan que “o fato de Nasrallah ainda estar vivo é visto como prova de que Israel aguarda o momento certo para agir”. Segundo ele, há uma convicção crescente entre observadores locais de que uma incursão israelense no sul libanês não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”.
Risco regional e silêncio internacional
Uma ofensiva israelense no Líbano teria repercussões imediatas para todo o Oriente Médio. O Irã, principal patrocinador do Hezbollah, poderia reagir direta ou indiretamente, ampliando o conflito. Síria e Iraque, onde há milícias alinhadas a Teerã, também poderiam ser arrastados para o confronto.
Enquanto isso, a comunidade internacional mantém um silêncio cauteloso. As Nações Unidas, que têm tropas da UNIFIL (Força Interina da ONU no Líbano) patrulhando a região desde 2006, limitam-se a apelos por “contenção e diálogo”. Diplomatas em Beirute admitem em privado que uma guerra aberta seria devastadora para o frágil sistema político libanês, já em colapso econômico.
Entre a guerra e a ruína
Para muitos libaneses, a sensação é de impotência. O Hezbollah continua sendo o ator político mais poderoso do país — mas também o mais controverso. Sua presença militar dentro do território libanês impede uma soberania plena e faz do Líbano refém de uma guerra que não controla.
Analistas do Atlantic Council observam que o desarmamento do Hezbollah é quase impossível, pois o grupo baseia sua legitimidade justamente na “resistência a Israel”. Sem isso, perderia apoio interno e externo.
Enquanto Israel tenta garantir sua segurança e o Hezbollah tenta preservar sua relevância, milhares de civis permanecem à mercê da próxima explosão.
Conclusão
O Líbano está à beira de um novo abismo. A crescente pressão israelense, a fragilidade do Líbano e o poder de fogo do Hezbollah formam um coquetel explosivo que pode incendiar novamente o norte de Israel e o coração do Líbano. Enquanto o governo libanês não agir com severidade contra o Hezbollah e prometer o que cumpriu, que é a sua desmilitarização, o povo refém continuará a ser a grande vítima deste conflito.
A pergunta que ecoa nas manchetes e nas ruas de Beirute é a mesma que preocupa as capitais do mundo:
será que o sul do Líbano está prestes a se tornar a próxima Gaza?