Netanyahu reconhece pela primeira vez o genocídio armênio

Netanyahu reconhece pela primeira vez o genocídio armênio: um ponto de inflexão complexo

Na terça-feira, 26 de agosto de 2025, em um episódio surpreendente do podcast do americano Patrick Bet-David, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou pela primeira vez reconhecer o genocídio armênio. Ao ser questionado por Bet-David — de origem assíria — sobre por que Israel ainda não reconhecia formalmente os genocídios armênio, assírio e grego, Netanyahu respondeu: “Acho que já fizemos. A Knesset aprovou uma resolução. Bem, eu acabei de fazer isso.”

Apesar dessa declaração, não há registro de lei ou resolução oficial aprovada pela Knesset que reconheça expressamente o genocídio — conforme confirmado pelo Times of Israel. O episódio, portanto, representa um marco simbólico, principalmente por vir da figura máxima do Executivo, mas carece de formalidade institucional e legal.

O Ato de Netanyahu vem após a Turquia cancelar autorizações de vôos militares e civis sobre seu território. Até agora os governantes de Israel evitavam conflitos com Ankara para manter boas relações diplomáticas. Devido a radicalização do discurso de Erdogan e a quebra de confiança, a atitude de Netanyahu era uma questão de dias.

Histórico da posição israelense e sua evolução

Historicamente, Israel manteve uma postura ambígua em relação ao reconhecimento do genocídio armênio. Isso se deveu a considerações estratégicas, especialmente a manutenção de relações com a Turquia e o Azerbaijão, ambos fortemente contrários a tais reconhecimentos.

Em 2001, o então ministro das Relações Exteriores Shimon Peres chegou a classificar os eventos de 1915 como “tragédia, mas não genocídio” — declaração interpretada por historiadores como um ato explícito de negação.

O reconhecimento de Netanyahu não se trata de um evento isolado, várias vezes, foram feitas pressões para o reconhecimento do genocídio no parlamento. Tanto em 2011 e 2012, o Knesset promoveu debates abertos sobre o tema, com votos unânimes para encaminhar discussão ao comitê de Educação, Cultura e Esportes, mas sem avanço legislativo – inclusive lideranças como Reuven Rivlin defenderam o reconhecimento.

Pilhas de corpos de armênios massacrados, não era terroristas, e sim pessoas comuns.

Comparativo internacional: reconhecimento global do genocídio armênio

Até hoje, apenas cerca de 34 países reconheceram oficialmente o genocídio armênio, segundo o Times of Israel The Times of Israel. Até mesmo nos Estados Unidos, o reconhecimento foi feito somente em 2019. Isso ocorreu por meio de resoluções no Congresso e reafirmada em 2021 pelo então presidente Joe Biden.

Outras nações europeias, como França, Alemanha, Canadá, também aderiram formalmente ao reconhecimento, e entidades como o Instituto Nacional Armênio documentam essas iniciativas.

Mãe armênia lamentando-se sobre o corpo de sua menina em um campo perto de Aleppo

Repercussões regionais e locais

A declaração de Netanyahu ocorre em momento de relações deterioradas com a Turquia. Especialmente desde o início das hostilidades recentes na região, com adversidades diplomáticas e trocas de injúrias graves entre os líderes. ynet The Times of IsraelWikipedia.

Além disso, a Armênia enfrentou deterioração de relações com Israel, em parte atribuídas à aliança estratégica entre Israel e o Azerbaijão. O impasse ocorreu porque em 2023. Segundo a imprensa, Israel teria apoiado o Azerbaijão com armamento durante a ofensiva em Nagorno-Karabakh. ynet Wikipedia.

No contexto israelense, a comunidade armênia em Jerusalém preserva a memória do genocídio por meio de instituições como o Museu Mardigian. Este museu exibe artefatos e histórias relacionadas à tragédia — embora esse aspecto cultural ainda não reflita uma política estatal formal de reconhecimento AP News.

Conclusão: um gesto simbólico, mas insuficiente?

Reconhecimento do genocídio armênio: Entenda, a declaração de Netanyahu de que “acabou de reconhecer” o genocídio armênio marca um momento simbólico de grande impacto, exibindo empatia histórica — mas, sem respaldo legal ou legislação, permanece vazio de estrutura formal. A fragilidade dessa “reconciliação diplomática com a verdade histórica” reflete as complexas tensões entre memória, política externa e estratégia nacional. Em Israel acredita-se que o ato foi tarde demais e pouco demais. A declaração deveria ter sido feita em cadeia nacional e aprovada pelo Parlamento de Israel, para garantir o efeito diplomático necessário.

Fonte: YnetNews, IsraelHayom, Jerusalem Post, AP News, Armenian National Institute, TIME, Times of Israel

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