Seca pode levar a extinção do Rio Jordão

Segundo o Israel Hayom, no verão de 2025 o Rio Jordão apresentou uma redução drástica no fluxo — cerca de 75% menos do que o normal, com o nível atingindo um mínimo histórico. O rio, por onde antes passeávamos, navegávamos de caiaque e que abastecia a agricultura, agora está reduzido a um córrego que mal molha os tornozelos. O ambiente vibrante virou um cenário desolador: a flora amarelada, a fauna desaparecendo, e lixo cobrindo os remanescentes. Agricultores, turistas, animais e pescadores pagam o alto preço desse colapso.

O artigo local conclui com uma frase poderosa: “Se não houver um inverno sério no próximo ano… simplesmente não haverá Jordão”.


Panorama Ampliado: Causas da Seca e Degradação

1. Uso Excessivo e Política Hídrica

O Rio Jordão agora transporta menos de 10% da vazão histórica, decorrente de extensos desvios para agricultura e consumo humano. A redução foi massiva: de cerca de 1,3 bilhão de m³/ano nas décadas passadas para apenas 20–100 milhões de m³/ano atualmente. Em 2021, apenas cerca de 100 milhões de m³/ano chegavam ao Mar Morto.

2. Mudanças Climáticas

O aquecimento global intensifica secas, aumenta a evaporação e diminui a reposição dos cursos d’água. Projeções indicam que a frequência e duração das secas podem dobrar até 2100, afetando drasticamente o fluxo dos rios e demandas agrícolas.

3. Divisão e Disputas Políticas

A divisão artificial entre “Alto Jordão” e “Baixo Jordão” aprofunda desigualdades — Israel retém a maior parte dos afluentes e fontes superiores, enquanto o que resta é compartilhado com Jordânia e territórios palestinos, quase sempre em condições degradadas. Estima-se que cerca de 96% da água histórica foi desviada até seculares órgãos.

4. Poluição e Qualidade Degradada

A água restante está severamente poluída — especialmente o trecho abaixo do Lago de Tiberíades, com esgoto, água salobra e resíduos agrícolas contaminando o curso do rio.


Impactos Ambientais e Sociais

  • Ecossistema em colapso: a escassez de água afeta a fauna nativa, já ameaçada pela retirada excessiva de água e poluição Wikipedia.
  • Agricultura em dificuldade: incapaz de irrigar, os agricultores perdem sustento e enfrentam dificuldades financeiras e técnicas.
  • Pescadores e turismo afetados: com o leito raso e a qualidade decadente da água, a pesca e o turismo recreativo são severamente prejudicados.
  • Deserto em expansão e infraestrutura vulnerável: áreas antes férteis sofrem desertificação e fontes subterrâneas não se recuperam.

Medidas em Curso e Propostas Futuras

Iniciativas Tecnológicas e Infraestruturais

  • Israel utiliza dessalinização para reforçar o Lago de Tiberíades e fornece água à Jordânia segundo um acordo de 1994, duplicado em 2021.
  • Jordânia está construindo uma usina de dessalinização em Aqaba (início de operações previsto entre 2026–2027), com capacidade para suprir 40% da demanda nacional e atender até 3 milhões de pessoas.

Governança e Cooperativismo

  • Iniciativas como o Red Sea–Dead Sea Conveyance e acordos entre Israel, Jordânia e EAU buscam trocar energia por água dessalinizada.
  • Políticas de gestão hídrica administradas centralmente em países como a Jordânia estão sendo complementadas com projetos locais, como a recarga controlada de aquíferos em Azraq.
  • A eficiência no uso da água está em foco: por exemplo, o Jordão tem perdido milhões de litros por falhas na infraestrutura; um projeto de 2023 visa reduzir tais perdas.

Diplomacia e Reposição Equitativa

Artigos defendem repensar o fluxo hídrico como um sistema único (sem separação “alta/baixa”), adotando modelos de partilha com base no volume per capita, inclusão dos palestinos e princípios de direito humano à água.


Conclusão e Visão Holística

O que vimos no verão de 2025 — com o cenário quase morto do Rio Jordão — reflete o colapso de um sistema hídrico há muito maltratado por mudanças climáticas, uso excessivo e geopolítica fragmentada. A situação exigirá:

  1. Fortalecer a cooperação entre os países da Bacia do Jordão.
  2. Investir em tecnologia sustentável, como dessalinização, reúso e recarga de aquíferos.
  3. Reformar acordos históricos com foco em equidade, transparência e resiliência climática.
  4. Promover novos modelos de governança que incluam todas as partes interessadas — Israel, Jordânia, Palestina e comunidade internacional.

Se não houver um inverno rigoroso ou mudanças substanciais, o alerta do cidadão do Kibbutz — “simplesmente não haverá Jordão” — pode se tornar realidade.

Fonte: IsraelHatom, Reuters, The Century Foundation, Wikipedia, Carnegie Endowment

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