Guardando o Shabbat na Perspectiva Messiânica

Shabbat

A guarda do sábado (Shabat) é um aspecto central tanto no judaísmo tradicional quanto no judaísmo messiânico. No judaísmo messiânico, que reconhece Yeshua (Jesus) como o Messias, a prática do Shabat é observada em continuidade com as tradições judaicas, mas com um entendimento adicional de sua significância messiânica. A seguir, vamos explorar como praticar a guarda do sábado segundo essa perspectiva.

1. Fundamentos Bíblicos do Shabat

A. Origem do Shabat

O conceito do Shabat começa em Gênesis 2:2-3, onde Deus descansou no sétimo dia após a criação do mundo. Este descanso é um modelo para a humanidade, estabelecendo o Shabat como um tempo sagrado para cessar as atividades comuns e focar em Deus.

“E havendo Deus terminado no sétimo dia a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera.” (Gênesis 2:2-3)

B. O Mandamento do Shabat

O mandamento de guardar o Shabat é um dos Dez Mandamentos, dado no contexto da aliança do Sinai, registrado em Êxodo 20:8-11 e Deuteronômio 5:12-15. Esse mandamento é visto como um sinal perpétuo da aliança entre Deus e Israel (Êxodo 31:16-17).

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu gado, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” (Êxodo 20:8-11)

2. Significado Messianico do Shabat

No judaísmo messiânico, o Shabat é visto não apenas como um dia de descanso físico, mas também como um símbolo da restauração e redenção completa que virá com a vinda do Messias. Yeshua é entendido como o “Senhor do Sábado” (Mateus 12:8), e o Shabat antecipa o descanso eterno prometido no Reino de Deus (Hebreus 4:9-11).

“Porque o Filho do Homem até do sábado é Senhor.” (Mateus 12:8)

3. Como Guardar o Shabat

A. Preparação para o Shabat

A guarda do Shabat começa na sexta-feira ao pôr do sol e se estende até o pôr do sol de sábado. A preparação para o Shabat é crucial, e envolve arrumar a casa, preparar as refeições e realizar qualquer trabalho necessário antes que o Shabat comece, para que o dia possa ser dedicado exclusivamente a Deus.

B. Acendimento das Velas

Na sexta-feira ao entardecer, é costumeiro acender as velas do Shabat. A mulher da casa geralmente faz isso, recitando uma bênção sobre o acendimento das velas, convidando a presença de Deus para abençoar o lar durante o Shabat.

“Bendito és Tu, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste com os Teus mandamentos e nos ordenaste acender as luzes do Shabat.”

C. Recitação do Kiddush

O Kiddush é uma oração de santificação que é recitada sobre o vinho antes da refeição da noite de sexta-feira. Isso marca a transição da semana de trabalho para o Shabat, reconhecendo Deus como Criador e Sustentador.

“Bendito és Tu, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, Criador do fruto da videira.”

D. A Refeição do Shabat

As refeições no Shabat são momentos de celebração, comunhão e descanso. As refeições são precedidas por bênçãos sobre o pão (Challah) e o vinho, e geralmente incluem cânticos e leitura de trechos da Torá e do Brit Chadashá (Novo Testamento).

E. Oração e Estudo da Torá

O Shabat é um tempo especial para oração e estudo da Palavra de Deus. No judaísmo messiânico, é comum a leitura da Parashá (porção semanal da Torá), juntamente com passagens dos Profetas (Haftarah) e do Brit Chadashá que se relacionam com o tema da semana.

F. Reunião na Congregação

O Shabat também é um momento para reunir-se com outros crentes em uma sinagoga ou congregação messiânica. A liturgia messiânica do Shabat pode incluir cânticos, leitura das Escrituras, e um sermão que aborda a aplicação da Palavra de Deus na vida dos crentes.

G. Havdalá

O Shabat termina com a cerimônia de Havdalá, que significa “separação”. Esta cerimônia, realizada ao anoitecer de sábado, envolve a recitação de bênçãos sobre um cálice de vinho, uma caixa de especiarias (Besamim) e uma vela trançada, simbolizando a distinção entre o sagrado (Shabat) e o comum (os dias da semana).

“Bendito és Tu, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que fazes distinção entre o sagrado e o profano, entre a luz e as trevas, entre Israel e as nações, entre o sétimo dia e os seis dias de trabalho.”

4. Considerações Práticas

A. Evitar Trabalhos e Atividades Comerciais

A guarda do Shabat envolve a abstenção de trabalhos e atividades comerciais. O foco deve ser em descanso, adoração e renovação espiritual. No contexto moderno, isso pode incluir evitar o uso de eletrônicos e mídia, concentrando-se em passar tempo com a família e com Deus.

B. A Importância da Comunidade

O Shabat é mais significativo quando celebrado em comunidade. Reunir-se com outros crentes messiânicos fortalece a fé e o senso de identidade como parte do Corpo do Messias. Participar dos serviços de Shabat e de atividades comunitárias ajuda a manter a espiritualidade e a conexão com Deus.

C. Aplicação do Shabat no Contexto Messiânico

Para os crentes messiânicos, o Shabat é uma antecipação do Reino de Deus, onde o descanso é pleno e a comunhão com Deus é perfeita. Guardar o Shabat com essa mentalidade ajuda a manter o foco no que é eterno e nas promessas de Deus através do Messias Yeshua.

5. Conclusão

A prática da guarda do Shabat na perspectiva judaica messiânica é um tempo de profunda conexão com Deus, com a família e com a comunidade de fé. É um dia separado para descanso, adoração e renovação espiritual, e uma lembrança constante das promessas messiânicas de redenção e restauração. Ao seguir as tradições do Shabat, os crentes messiânicos reafirmam sua fé em Yeshua como o Messias e aguardam o cumprimento pleno do Reino de Deus.