A Justiça francesa acusou uma cuidadora de 42 anos de tentar envenenar uma família judia para quem trabalhava. O caso, que ganhou destaque nacional, será julgado no dia 9 de dezembro e inclui a qualificadora de antissemitismo, segundo documentos oficiais apresentados pela corte de Nanterre.
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Cuidadora é acusada de adulterar bebidas e alimentos
Segundo a investigação, a mulher — uma cuidadora de origem argelina contratada para cuidar de um casal e seus três filhos pequenos — teria colocado produtos químicos perigosos em bebidas e comidas consumidas pela família. Entre os itens adulterados estariam:
- vinho
- suco de uva
- whisky
- comida servida às crianças
- pasta consumida pela mãe da família
A mãe relatou ter sentido gosto de “produto de limpeza” no vinho servido pela funcionária. No dia anterior, uma pasta preparada pela cuidadora tinha “cheiro de perfume”, levantando suspeitas imediatas.
Sintomas de intoxicação e alerta da família
De acordo com o relatório policial, após consumir pequenas quantidades das bebidas supostamente adulteradas, membros da família apresentaram sintomas compatíveis com intoxicação. O caso levou à abertura de uma investigação detalhada e à coleta de amostras dos alimentos.
Além disso, a família relatou que até mesmo um removedor de maquiagem usado pela mãe causou ardência e irritação nos olhos — o que pode reforçar a hipótese de contaminação.
Declarações antissemitas agravam a acusação
Durante o interrogatório, a suspeita teria afirmado que “não deveria trabalhar para judeus”, frase registrada no processo e que deu base para que o Ministério Público acrescentasse a qualificadora de motivação antissemita.
A Justiça francesa classificou os atos como cometidos “em circunstâncias agravadas por antissemitismo”, aumentando o peso das acusações.
Uso de documento falso e premeditação
As autoridades descobriram ainda que a cuidadora utilizou um documento de identidade belga falso para conseguir a vaga de trabalho, o que adiciona outro crime ao processo.
A combinação entre uso de documento falso, acesso direto à rotina doméstica da família e adulteração de múltiplos alimentos indica, segundo o Ministério Público, possível premeditação.
Julgamento em dezembro
A cuidadora será julgada no dia 9 de dezembro, na corte penal de Nanterre, na região de Hauts-de-Seine. Ela responde pelos crimes de:
- administração de substâncias tóxicas
- causar incapacidade por mais de oito dias
- agir sob motivação religiosa/étnica
- uso de documento de identidade falso
Se condenada, poderá enfrentar pena significativa, ampliada pela qualificadora de ódio antissemita.
Caso reacende debate sobre segurança da comunidade judaica
O episódio ocorre em um momento de crescente alerta sobre o aumento do antissemitismo na Europa. Organizações judaicas francesas afirmam que casos de agressões, ameaças e hostilidade verbal aumentaram substancialmente desde 2023.
O suposto ataque dentro do ambiente doméstico — considerado um espaço de confiança — intensifica a sensação de vulnerabilidade em famílias que contratam cuidadores, babás ou assistentes.