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Pella: O Refúgio dos Primeiros Crentes e a Cidade que Ouviu o Aviso de Jesus
Entre colinas verdes e vales férteis no atual norte da Jordânia, existe um lugar pouco conhecido pelo grande público, mas profundamente significativo para a história bíblica e cristã: Pella, chamada em árabe de Tabqat Fahl. À primeira vista, são apenas ruínas antigas. Mas, para quem conhece as Escrituras e a história da fé, Pella representa obediência, discernimento espiritual e preservação da vida.
Uma Cidade Fora de Israel, Mas Dentro da História Bíblica
Pella ficava na região da Decápolis, um conjunto de dez cidades greco-romanas mencionadas indiretamente nos Evangelhos (Mateus 4:25; Marcos 5:20). Embora estivesse fora das fronteiras tradicionais de Israel, era uma área frequentemente visitada por judeus, gentios e, mais tarde, pelos primeiros seguidores de Jesus.
Essa localização é importante: Pella estava fora do alcance imediato de Jerusalém, mas suficientemente próxima para servir como refúgio. Era uma cidade estruturada, com água, agricultura, comércio e segurança — exatamente o tipo de lugar que permitiria a sobrevivência de uma comunidade inteira.
O Aviso de Jesus e a Fuga para Pella
Nos Evangelhos, Jesus faz um alerta solene pouco antes de Sua crucificação:
“Quando, pois, virdes a abominação da desolação… então os que estiverem na Judeia fujam para os montes.”
(Mateus 24:15–16)
“Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei que está próxima a sua desolação.”
(Lucas 21:20–21)
Os primeiros crentes — judeus que criam que Jesus era o Messias — levaram essas palavras literalmente. Diferente de muitos habitantes de Jerusalém, eles discerniram os sinais dos tempos.
Segundo escritores cristãos dos primeiros séculos, como Eusébio de Cesareia e Epifânio, quando a revolta judaica contra Roma começou (66 d.C.), os seguidores de Jesus abandonaram Jerusalém e atravessaram o Jordão, refugiando-se em Pella.
Essa decisão salvou vidas. Em 70 d.C., Jerusalém foi destruída pelos romanos, o Templo foi queimado e centenas de milhares morreram ou foram levados cativos. Os crentes que fugiram para Pella sobreviveram.
Pella como Símbolo de Obediência
Mais do que um local geográfico, Pella se tornou um símbolo espiritual. Ela representa:
- Obediência à palavra de Jesus
- Discernimento profético
- Separação no tempo do juízo
- Preservação da comunidade da fé
Enquanto muitos confiaram em muros, alianças políticas ou zelo nacionalista, os discípulos confiaram na palavra do Messias.
Uma Comunidade Judaico-Cristã Viva
Em Pella, os primeiros crentes continuaram vivendo sua fé de maneira profundamente judaica, mas centrada em Jesus. Eles guardavam as Escrituras, esperavam o Reino de Deus e mantinham viva a memória do Messias ressuscitado.
Essa comunidade é um elo precioso entre:
- O judaísmo do Segundo Templo
- A igreja primitiva
- O cristianismo que se espalharia pelo mundo gentílico
Pella nos lembra que o cristianismo nasceu judaico, ligado à Terra, à história e às promessas bíblicas.
Ruínas que Falam
Hoje, quem visita Pella caminha entre:
- Restos de ruas romanas
- Fundamentos de edifícios bizantinos
- Áreas que testemunharam a transição do mundo bíblico para o cristianismo primitivo
Cada pedra conta uma história de fuga, fé e esperança.
Uma Lição para os Nossos Dias
A história de Pella ecoa fortemente para os dias atuais. Ela nos ensina que:
- Nem sempre a salvação está em permanecer, mas em saber quando sair
- A verdadeira segurança está em ouvir e obedecer a Deus
- Deus sempre prepara um lugar de refúgio para os que confiam Nele
Assim como Noé entrou na arca, como Ló saiu de Sodoma, e como os crentes fugiram para Pella, a Bíblia nos mostra que discernir os tempos é uma expressão de fé madura.
Conclusão
Pella não é apenas uma cidade antiga. É um memorial silencioso da fidelidade de Deus e da obediência dos primeiros crentes. Um lembrete de que, mesmo em meio ao juízo, Deus preserva aqueles que ouvem Sua voz.
“Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.”
(Lucas 11:28)