Um grupo de cientistas da Universidade de Tel Aviv acaba de dar um passo revolucionário na arqueologia: usar partículas vindas do espaço, chamadas múons, para enxergar o que há debaixo da terra sem a necessidade de escavações.
A primeira demonstração prática aconteceu na Cidade de Davi, em Jerusalém, onde os pesquisadores conseguiram mapear cavidades subterrâneas antigas com precisão surpreendente. A descoberta pode transformar a forma como exploramos sítios históricos e até mesmo como preservamos o patrimônio cultural.
Índice
O que são múons e como funcionam?
Os múons são partículas subatômicas formadas quando raios cósmicos — partículas de alta energia vindas do espaço — colidem com a atmosfera da Terra.
Eles são incrivelmente rápidos e podem atravessar dezenas de metros de rocha antes de desaparecer.
Assim como o raio-X permite ver ossos dentro do corpo, os múons ajudam os cientistas a identificar espaços vazios escondidos debaixo da terra. Onde há uma cavidade subterrânea, o fluxo de múons é maior; onde há rocha sólida, ele diminui.
A prova em Jerusalém
Na Cidade de Davi, os cientistas instalaram detectores especiais no Boor Yirmiyahu(Cova de Jeremias), um dos pontos arqueológicos mais conhecidos. Para complementar, usaram tecnologia LiDAR (um scanner a laser de alta precisão), além de simulações avançadas em computador.
O resultado? Eles conseguiram detectar anomalias e cavidades que correspondem a antigos canais e salas subterrâneas — sem mover sequer uma pá de terra.
Por que isso é tão importante?
Até hoje, arqueólogos dependiam de escavações demoradas e arriscadas para localizar estruturas ocultas. Com a “tomografia por múons”, torna-se possível:
- Preservar sítios históricos, sem danificá-los;
- Mapear áreas subterrâneas a até 30 metros de profundidade;
- Descobrir túneis, reservatórios de água e câmaras ocultas de forma não invasiva;
- Usar inteligência artificial para criar imagens 3D detalhadas do subsolo.
Isso pode redefinir o futuro da arqueologia, abrindo caminho para descobertas em lugares como Jerusalém, as pirâmides do Egito e outras regiões cheias de mistérios.

O que vem pela frente
Os próprios cientistas reconhecem que ainda estão no início. Para que essa tecnologia se torne prática no dia a dia, é preciso desenvolver detectores mais leves, baratos e resistentes às condições de campo. Além disso, o processamento dos dados deverá ser acelerado com ajuda de inteligência artificial.
Mas a promessa já é clara: estamos diante de uma ferramenta que pode revelar segredos escondidos há milênios, trazendo à luz capítulos inteiros da história sem necessidade de escavar.
Jerusalém pode estar prestes a revelar segredos ocultos sob nossos pés — e desta vez, não com pás e picaretas, mas com partículas cósmicas vindas do espaço.
Fonte: Universidade de Tel Aviv, YnetNews e Autoridade de Antiguidades de Israel
Foto: Universidade de Tel Aviv e Miguel Nicolaevsky