Por que Jesus morreu na cruz e não de outra forma?

crucifixion

לֹא־תָלִ֨ין נִבְלָת֜וֹ עַל־הָעֵ֗ץ כִּֽי־קָב֤וֹר תִּקְבְּרֶ֙נּוּ֙ בַּיּ֣וֹם הַה֔וּא כִּֽי־קִלְלַ֥ת אֱלֹהִ֖ים תָּל֑וּי וְלֹ֤א תְטַמֵּא֙ אֶת־אַדְמָ֣תְךָ֔ אֲשֶׁר֙ יְהוָ֣ה אֱלֹהֶ֔יךָ נֹתֵ֥ן לְךָ֖ נַחֲלָֽה׃

Deut. 21:23 o seu cadáver não permanecerá toda a noite no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto aquele que é pendurado é maldito de Deus. Assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança.

A palavra cruz não aparece no Tanach ou como é conhecido pelos cristão, no Velho Testamento, mas sim a palavra MADEIRO, para designar de uma forma geral madeira ou árvore. Em Hebraico, a palavra ETZ se assemelha a palavra Wood em inglês que tem o significado de madeira, árvore ou até mesmo bosque, dependendo do contexto.

Então por que seria maldição o pendurar em uma cruz ou em um madeiro? Bem, a resposta pode estar nos hábitos da antiguidade, visto que os alimentos eram muitas vezes preparados assim pelos Hebreus, onde o animal era morto ou sacrificado, e pendurado para que o sangue fosse escorrido e servisse como oferenda.

No caso de sacrifícios, os mesmos eram realizados de tal forma que eles cumpriam uma finalidade, que era a expiação ou a redenção. Neste caso, o animal pendurado tinha seu sangue separado de sua carne, e o sangue era utilizado para a purificação do altar. Em Ezequiel 43:20-26, há uma descrição detalhada da necessidade de sacrifício dos animais puros, fora da cidade, em um local determinado. O cordeiro, o bezerro e o bode, eram sacrificados e queimados em holocausto, afim de purificar o altar completamente no sétimo dia. Somente no oitavo dia, os sacrifícios de ofertas pacíficas seriam aceitos perante o Senhor.

A falsa alegação de que Yeshua não poderia ser aceito por que foi pendurado no madeiro conforme descrito em Deut. 21:23 pode até parecer não ter base, mas quando entendemos que todos os sacrifícios no VT eram apenas temporários e desde então, mais de 2000 anos se passaram sem os mesmos, entendemos que houve um motivo real para isso. E o motivo está relacionado com a falta de necessidade. Não é que o Povo de Israel e todos os povos da Terra pararam de pecar, muito pelo contrário, a iniquidade se agravou ainda mais ao longo das décadas.

No livro de Josué temos diversas descrições de pessoas que foram mortas e penduradas no madeiro, o mais notório deles é o rei de Ai, e para tornar a cidade inabitável, Josué o sepultou na entrada da mesma. A punição da crucificação ou do pendurar no madeiro era uma forma cruel de condenação, cujo objetivo era dar exemplo e levar as pessoas a se arrependerem de qualquer intensão de revolta. Ainda hoje, nos territórios palestinos, homossexuais ou novos crentes são pendurados ou crucificados sob a acusação de terem traído o povo palestino. As vezes, esta acusação é levantada para esconder o verdadeiro motivo como a conversão ao cristianismo e o homossexualismo, que são considerados os atos mais vergonhosos para os árabes muçulmanos.

É importante salientar que a crucificação em si não trazia maldição para a nação, ou para o país(território, terra), mas sim a permanência de um dia para o outro, pois segundo a tradição judaica, o dia começa logo após o por-do-sol em Israel. E é por este motivo que o condenado era retirado antes do por-do-sol, para não condenar também a terra com uma maldição. Da mesma forma, segundo os relatos nos evangelhos, Yeshua foi retirado antes do por-do-sol:

João 19:31 Ora, os judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados dali.

Portanto, este relato deixa claro que a Terra de Israel não foi amaldiçoada com sua crucificação, muito pelo contrário, seu sacrifício veio justamente para resgatar o homem e permiti-lo viver uma vida plena sem a condenação da lei.

Gal. 3:10 Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.

Gal. 3:13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;

Portanto, ao invés de sermos condenados pela lei ao madeiro, ele que não pecou, tomou o nosso lugar. Permitindo assim que pela fé e reconhecimento de nossas incapacidades de satisfazer ao eterno por meio das obras, sejamos resgatados pelo sangue do cordeiro eterno que nos foi provido através de Yeshua. Porque sem o derramamento do sangue jamais poderá haver remissão dos pecados, portanto a substituição judaica dos sacrifícios pela orações e rezas, nunca poderá apagar a ira do Eterno que está sobre todos nós, pecadores. Somente o sangue daquele que é culpado poderia expiar e trazer a paz entre nós e o Eterno. Portanto, este é o motivo que Yeshua, sabendo que não somos capazes de pagar este preço, assumiu por nós a culpa de uma vez por todas, entregando-se em nosso lugar.

Cabe-nos apenas crer e sermos gratos, de que temos um Senhor, que proveu para todo aquele que crê, o cordeiro pascal que nos livra de uma vez por todas da ira do Eterno e ao mesmo tempo, estabelece-nos uma nova aliança com ELE, conforme podemos ler a seguir:

Jer. 31:31 Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá,

Jer. 31:32 não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.

Jer. 31:33 Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.

Jer. 31:34 E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados.

Desde Sião, Miguel Nicolaevsky