Nos últimos meses, o noticiário tem sido tomado por manchetes sobre “avanços significativos” nas negociações entre Israel e o Hamas, mediadas por EUA, Egito e Qatar. Planos complexos, documentos com dezenas de pontos e declarações de otimismo aparecem e desaparecem com frequência. Mas por trás dessa narrativa otimista, esconde-se uma verdade incômoda: não há avanço real quando o Hamas se recusa a abrir mão de seu objetivo central — exterminar Israel.
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Ideologia da destruição de Israel
O Hamas não é apenas um ator político pragmático. Desde sua fundação, o movimento carrega em sua carta ideológica a rejeição absoluta ao Estado de Israel e a defesa da luta armada como único caminho.
Mesmo documentos mais recentes, divulgados em 2017, mantiveram a mesma essência: a “resistência” continua vista como obrigação, e o reconhecimento de Israel segue fora de questão. Ou seja, ainda que se fale em acordos técnicos, a meta final permanece inalterada.
O jogo da negociação
Quando diplomatas falam em progresso, muitas vezes estão se referindo apenas a pontos técnicos:
- Troca de reféns por prisioneiros;
- Corredores humanitários;
- Supervisão da reconstrução em Gaza.
Tudo isso é importante, mas não significa mudança estratégica. Para o Hamas, as negociações podem servir a outros propósitos: ganhar tempo, recompor forças, garantir recursos e aumentar legitimidade internacional. O resultado é uma sensação enganosa de avanço que logo se desfaz.
Por que isso é perigoso
- Governo e opinião pública criam expectativas irreais de paz próxima;
- Comunidades civis podem relaxar medidas de proteção, acreditando no fim do conflito;
- O Hamas aproveita pausas para fortalecer sua estrutura militar e preparar a próxima escalada.
Sem garantias robustas e verificáveis, o risco é grande de repetir ciclos de violência já conhecidos.
Como diferenciar avanços reais de ilusões diplomáticas
- Mudança explícita de postura — não basta silêncio, é preciso declarações públicas e verificáveis de abandono dos objetivos genocidas.
- Mecanismos de fiscalização independentes — que assegurem o cumprimento de termos e impeçam rearmamento.
- Garantias sobre o “dia seguinte” — quem governará Gaza, como será a reconstrução e quais salvaguardas existirão para impedir o retorno da infraestrutura terrorista.
Sem esses elementos, qualquer anúncio de “acordo histórico” é apenas retórica.
Conclusão
Enquanto o Hamas não renunciar claramente ao seu objetivo de destruir Israel, cada novo rascunho de negociação deve ser visto com cautela. As tratativas podem render alívio temporário, salvar vidas e aliviar o sofrimento imediato — mas não representam paz verdadeira.
O verdadeiro avanço não está em protocolos de cessar-fogo, mas na coragem de enfrentar a raiz ideológica do conflito.