Saiba o que é o Livro de Zohar usado na Kabalah

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Panorama geral sobre o Livro de Zohar

O Livro do Zohar, frequentemente referido simplesmente como “Zohar”, é uma obra central na literatura da tradição mística judaica conhecida como Cabala. O termo “Zohar” significa “esplendor” ou “brilho” em hebraico e simboliza a luz espiritual e o conhecimento oculto que a obra procura transmitir.

O Zohar foi escrito no final do século XIII por um místico judeu espanhol chamado Rabbi Shimon bar Yochai, que, de acordo com a tradição, teria recebido revelações divinas durante um período de 13 anos de meditação e estudo na caverna de Piquin, na Galileia. No entanto, alguns estudiosos modernos argumentam que o Zohar pode ter sido compilado por vários autores ao longo de um período de tempo mais longo.

O conteúdo do Zohar é principalmente uma exploração profunda e simbólica dos textos sagrados judaicos, como a Torá, o Livro de Gênesis e outros livros do Antigo Testamento. O livro está escrito em uma mistura de prosa e poesia, frequentemente utilizando metáforas e imagens para transmitir ideias espirituais complexas. Ele se baseia em conceitos como Ein Sof (o Infinito), as sefirot (as dez emanações divinas) e outros elementos da tradição cabalística.

O Zohar procura revelar os segredos ocultos do universo, a natureza de Deus, o propósito da criação e a relação entre o mundo físico e o mundo espiritual. A obra enfatiza a importância da busca da união mística com Deus, o que é frequentemente chamado de “devekut” ou “aderência”, e explora as formas pelas quais os seres humanos podem alcançar essa conexão espiritual mais profunda.

Além do conteúdo esotérico, o Zohar também aborda questões éticas, morais e práticas, oferecendo orientações sobre como viver uma vida espiritualmente enriquecedora e significativa.

O Zohar é escrito em aramaico, que era uma língua comum na época e era usada para transmitir ensinamentos secretos e sagrados. A obra consiste em uma coleção de textos que variam em estilo e conteúdo, e muitas vezes é complexa e enigmática, o que tem contribuído para diversas interpretações ao longo dos séculos.

Embora o Zohar tenha sido escrito no século XIII, ele teve um impacto duradouro na tradição cabalística e continua a ser estudado e discutido por estudiosos, místicos e buscadores espirituais até os dias de hoje.

Zohar, um livro problemático

Enquanto o Livro do Zohar é amplamente respeitado por muitos como uma obra central da tradição cabalística judaica, também tem sido objeto de críticas e controvérsias ao longo dos anos. Aqui estão algumas das críticas que foram levantadas em relação ao Zohar:

  1. Autoria e autenticidade: Alguns estudiosos questionaram a autoria atribuída a Rabbi Shimon bar Yochai e alegaram que o Zohar pode ter sido composto por várias mãos ao longo do tempo, em vez de ser o trabalho de um único autor. Isso levanta dúvidas sobre sua autenticidade e sobre a legitimidade das alegações místicas associadas à sua criação.
  2. Falta de clareza: O Zohar é conhecido por seu estilo literário complexo e simbólico, que pode ser difícil de entender e interpretar. Muitos críticos argumentam que a obscuridade do texto pode levar a interpretações variadas e até contraditórias, o que dificulta a obtenção de uma compreensão definitiva de suas mensagens.
  3. Conceitos abstratos: O Zohar lida com conceitos metafísicos e abstratos, como Ein Sof, sefirot e a natureza de Deus. Esses conceitos podem parecer distantes e difíceis de relacionar com a experiência humana cotidiana, o que pode alienar leitores que buscam uma abordagem mais prática e acessível à espiritualidade.
  4. Enfatização na separação: Algumas críticas destacam que o Zohar muitas vezes enfatiza a separação entre os níveis espirituais e materiais da realidade, reforçando a ideia de que o mundo físico é uma ilusão e que a verdadeira realidade está além do alcance da maioria das pessoas. Isso pode ser percebido como elitismo espiritual e desconectar o indivíduo das responsabilidades e valores do mundo tangível.
  5. Exploração simbólica excessiva: O Zohar tende a usar metáforas e imagens para transmitir suas mensagens espirituais. Alguns críticos argumentam que essa abordagem simbólica pode ser excessivamente abstrata e até mesmo evasiva, dificultando a aplicação prática das ideias contidas no texto.

É importante lembrar que as opiniões sobre o Zohar variam amplamente e muitas pessoas encontram nele uma fonte profunda de insight espiritual e reflexão. Enquanto algumas críticas podem ser válidas, outras podem ser influenciadas por diferentes abordagens religiosas, filosóficas e interpretativas. Como em qualquer obra, a percepção do Zohar dependerá das crenças, perspectivas e objetivos individuais de quem a lê.

Cristãos devem ou não conhecer este livro?

A decisão de um cristão ler ou não o Livro do Zohar (uma obra central da tradição cabalística judaica) é uma questão pessoal e pode depender das crenças, convicções e objetivos espirituais de cada indivíduo. Não existe uma resposta única para essa questão, pois as opiniões variam entre os cristãos e dentro das várias denominações cristãs. Eu particularmente desaconselho cristão a se aventurarem ao mesmo.

No entanto, há algumas razões pelas quais alguns cristãos podem optar por não ler o Zohar:

  1. Diferenças teológicas: O Zohar é uma obra da tradição cabalística judaica, que tem suas próprias interpretações da Torá e dos ensinamentos judaicos. Algumas das ideias e conceitos apresentados no Zohar podem entrar em conflito com a teologia cristã, incluindo a natureza de Deus, a natureza humana e o papel de Jesus Cristo. Alguns cristãos podem preferir focar em fontes cristãs que estejam alinhadas com suas crenças.
  2. Ênfase no Judaísmo: O Zohar é profundamente enraizado no contexto judaico e aborda muitos aspectos da cultura, história e tradições judaicas. Alguns cristãos podem achar mais relevante estudar textos e fontes que estejam mais diretamente ligados à sua própria fé e tradição.
  3. Risco de confusão ou sincretismo: Ler textos de outras tradições religiosas pode, em alguns casos, levar a uma confusão de crenças ou ao sincretismo religioso, onde elementos de diferentes religiões são misturados. Alguns cristãos podem preferir evitar essa possibilidade, concentrando-se unicamente em suas próprias escrituras e tradições.
  4. Foco na própria fé cristã: Muitos cristãos acreditam que sua fé é baseada nas Escrituras Sagradas da Bíblia e na tradição cristã. Eles podem considerar que essas fontes são suficientes para guiar sua jornada espiritual e podem não ver a necessidade de se envolver com textos de outras tradições.
  5. Respeito pela tradição judaica: Alguns cristãos podem optar por não ler o Zohar como um gesto de respeito pela tradição judaica e para evitar a apropriação cultural indevida.

Manter o Foco na Palavra de Deus

No entanto, é importante ressaltar que muitos outros cristãos podem ter uma atitude mais aberta em relação ao estudo de outras tradições religiosas, incluindo a tradição judaica, por razões acadêmicas, de enriquecimento pessoal ou para desenvolver uma compreensão mais ampla do mundo espiritual. A decisão de ler o Zohar ou qualquer outro texto religioso fora de sua própria tradição é uma escolha pessoal e deve ser feita com respeito e consideração pelas próprias crenças e valores. Portanto, enquanto é importante respeitar e apreciar as contribuições de outras tradições religiosas, concentrar os estudos na Bíblia proporciona uma base sólida para o crescimento espiritual e aprofunda a compreensão da fé cristã. A Bíblia é uma fonte infinita de sabedoria divina que guiará nossos passos, nos oferecerá conforto nos momentos difíceis e nos inspirará a viver uma vida que honra a Deus e realmente beneficia a humanidade.