por Ms. J. Pietro B. Nardella-Dellova, darsham
Sinagoga Sêh HaElohim-Scuola
O Texto desta Parashá é: Vayicrá (Lev) 12:1 até 13:59
O Texto da Haftará é: Melajim II (2º Reis) 4:42 até 5:19
OBSERVAÇÃO INICIAL: Após o exame dos animais impuros, no final da Parashá Shemini, a Torá examina a impureza humana – 12: 1 e ss
תזריע
ת – (marca) – impressão na matéria – 400
ז – (arma) – tempo cíclico – 7
ר – (cabeça) – herança – 200
י – (mão) – mão que molda a argila – 10
ע – (olho) – perceber a unidade na diversidade – 70
400+7+200+10+70=687 = 21= 3
Veja, também, uma reflexão sobre a circuncisão ao final desta Parashá.
OS PRINCIPAIS ASPECTOS DESTA PARASHÁ SÃO:
A impureza ritual da mulher após o parto – 12: 1 e ss;
Impureza ritual da mulher no parto semelhante à da menstruação – 12:2;
Se der à luz um menino, a impureza será de 7 dias – 12: 2;
circuncisão aqui como processo de purificação do menino
No 8º dia deste parto, deve haver CIRCUNCISÃO (milâ) no menino– 12: 3;
Deve esperar por mais 33 dias e o sangue será ritualmente limpo – 12:4;
Portanto no caso de parto de menino: período de 40 dias – 12:1-4;
Miriã e Yosef, pais de Yeshua, esperaram este período para apresentá-lo no Templo e fazer ofertas – Lucas 2: 22;
Hoje, por não haver Templo, a mulher deve simplesmente entrar no Micvè e recitar ali as bênçãos apropriadas para purificação.
Se der à luz uma menina, a impureza será de 14 dias – 12: 5;
Deve esperar depois disso por 66 dias – 12: 5 e ss;
Portanto, no caso de menina: período de 80 dias – 12: 5 ess;
A maldição leprosa (TSARA’AT)– 13: 1 e ss;
Esta lepra não é Micobacterium leprae, isto é, o Mal de Hansen. É oriunda de um defeito espiritual, a maledicência, ou seja, o LASHOM HARÁ , conf. Números 12: 10.
Da lepra cônica – 13: 9 ss
Lepra e infecção – 13: 18 ss;
Lepra e queimadura – 13:24 ss
Lepra e marca calva – 13:29 ss
Manchas brancas turvas–13:38 ss
Calvície normal e impura–13:40 ss
Maldição leprosa nas roupas–13:47 ss
REFLEXÃO SOBRE A CIRCUNCISÃO (ALIANÇA) B’RIT ברית E A PARASHÁ TAZRÍA
ברית־מילה (Brit Milâ)
ב – (casa) – bênção – 2
ר – (cabeça) – herança – 200
י – (mão) – direção – 10
ת – (marca) – selo – 400
מ – (água) – consciência – 40
י – (mão) – direção – 10
ל – (aprender) – ensinamento espiritual – 30
ה – (o) – usado por D’us para criar o mundo – 5
Total – 2+200+10+400+40+10+30+5=697=22=4
· Circuncisão: a partir de Abraham (anterior a Moshè). Com a mesma o Eterno MODIFICA o nome (sentido/história) de Abraham avinu, acrescentando-lhe a letra Hêh ä (o mesmo vai ocorrer com Sarah): Gen. 17: 1 ss;
· Circuncisão: antes da Torá escrita, mas no sentido da Torá oral (recebida e ensinada por todos nossos patriarcas e, antes deles, por todos os homens, filhos de D’us, a partir de Adam). Circuncisão, assim, é uma previsão, tanto da Torá oral quanto da Torá escrita. Abram (Abraham) tinha 99 anos quando foi-lhe instituída a circuncisão pelo Eterno: Gen. 17: 1
· Circuncisão: em todas as gerações, isto é, perpetuamente, ao 8º dia de nascimento – Gênesis 17:12;
· Circuncisão: D'us troca também o nome de Sarai para Sarah, acrescentando a mesma letra Hêh ä Gênesis 17: 15 ss;
· Circuncisão: Abraham circuncida Ishmael aos 13 anos: Gen. 17: 24-26;
· Circuncisão: para os naturais, para os comprados. Os filhos naturais e gerações naturais de Abraham, bem como, a todos os que passam a ser seus filhos pela conversão ao judaísmo, inclusive os talmidim “gentios” de Yeshua, pois a Torá é para todos indistintamente e o Mashiach será para todos! – Bereshit 17:12 ss (e combine com Mateus 5:17-19 e Mateus 23: 2)
· Aliança áøéú Eterna entre El Shadai-Abraham (e as gerações) Gênesis 17: 1-26
· CIRCUNCISÃO DO CORAÇÃO prevista na Torá: Deuteronômio 10:16;
· O ETERNO FARÁ, ainda, uma circuncisão no coração, significa dizer que a circuncisão da carne será completada pela circuncisão do coração, completando-se, assim, o HOMEM INTEGRAL (corpo (físico), alma (coração) e espírito (intelecto): Deuteronômio 30: 6;
· Circuncisão e os Profetas : circuncidar o coração: Jeremias 4:4;
· Rabi Yeshua circuncidado ao 8º dia, ocasião em que recebeu o nome de YESHUA (o mesmo foi, também, circuncidado no coração quando recebeu a Ruach HaKodesh, ou seja, os Sete Espíritos de Adonai – Lucas 2:21 (ver Isaias 11:2 e Apocalipse 4)
· Rabi Yeshua manda cumprir TODA a Torá: Mattityahu (Mat) 5: 17-19 e 23: 2
· Circuncisão e Rav Shaul : Shaul: EU SOU JUDEU: Atos 22: 3;
· Circuncisão não visa salvação (esta é a discussão de Shaul). Rav Shaul jamais falou contra a Mitzvá da Circuncisão e sim contra os excessos praticados por seus contemporâneos em relação ao RITUAL da Circuncisão. Afinal, mesmo em Gálatas, ao final desta carta dirigida aos do GALUT (diáspora) ele, Rav Shaul, se queixa de ser perseguido mesmo ensinando a Circuncisão: Atos 15 e Gálatas, in fine;
· Verdadeiro judeu, conf. Shaul: Rom. 2: 25-29; I Tim. 1: 8-11 e Gal. 5: 6
· A circuncisão e incircuncisão sem Mitzvôt: nova criatura – Gálatas 6: 15.
· Circuncisão e Rav Shaul, ainda: Para Shaul, assim como para os Profetas e para Yeshua, a circuncisão em si mesma nada é, nem a incircuncisão é coisa alguma, mas guardar as MITZVÔT (mandamentos) de D'us, e óbvio, aqui o que Rav Shaul afirma é que a obediência às Mitzvôt, das quais a Circuncisão é uma é mais importante que “ser ou não ser” circuncidado. Além do cumprimento da Mitzvá é importante buscar o seu conteúdo essencial, isto é, obediência, santificação e crescimento diante do Eterno: I Coríntios 7: 19;
· A Luta do Rav Shaul não era contra a circuncisão, mas contra a aparência e contra os excessos do “ritual” imposto “extra-Torá” por muitos religiosos de seu tempo (e, ainda, em nosso tempo), situação essa que dava ao “mohel” um indevido poder sobre as vidas das pessoas. Havia um grupo que pregava a necessidade da circuncisão para a salvação. Esse grupo foi chamado por Shaul de “os da cincuncisão”. Obviamente nem a circuncisão nem a Torá inteira pode salvar, mas tão-só purificar, santificar. Shaul lutou contra a falsa circuncisão e contra outros falsos conceitos em torno da Torá, mas nunca contra a Torá, da qual era Mestre em todos os sentidos!
· Circuncisão e Shaul, Ya'akov (Tiago), Kefas (Pedro) e Rabi Yeshua: Não há dúvida que Yeshua mandou cumprir toda a Torá expressamente em Mateus 5: 17-19 e em 23: 2. E Ya'akov (Tiago) que era o Líder da Comunidade Judaica, formada entre os discípulos de Yeshua, em Yerushalaim, como se depreende de Atos 15: 12 e ss; Gálatas 2: 12, juntamente com Kefas, ensinavam a cumprir toda a Torá. Também Shaul o fazia, mas estes a queriam cumprida legitimamente, conf. I Timóteo 1:8. Pelo que verificamos em Atos 15: 21, os primeiros líderes sabiam que a Lei, como um todo, não podia ser imposta aos novatos “gentios” da fé de forma abrupta, mas teriam oportunidade de aprenderem a Torá, a cada Shabat, nas Sinagogas. Afinal, nem nossos pais a aprenderam de uma só vez. Inicialmente, nossos pais ficaram em torno do Monte Sinai pelo tempo de um ano e, depois, durante quarenta anos no deserto. O Processo de aprendizado da Torá não depende de um fato isolado, mas de uma tomada de consciência gradual e, por isso mesmo, nós a ensinamos em nossas Sinagogas em 54 Parashiot (porções)
· Finalmente, podemos dizer que a Circuncisão, dada primeiramente a Abraham e depois na Torá escrita e, também, em todo o ensinamento do Rabi Yeshua BenYosef, está plenamente em vigência, desde que seja compreendida no espírito e não tão-somente na aparência, vez que judeu não é o que parece ser judeu, mas o que vive como judeu, isto é, a lei é boa quando usada legitimamente, conforme I Tim 1: 8;
ברית־מילה (Brit Milâ) = 4 תזריע (Tazría) = 3
Tazría (dar à luz) com Brit Milâ (aliança da circuncisão) (4+3=7) resulta em completude
7 = æ (letra hebraica zayin, cujo significado é “arma” e remete à idéia de “centro de seis”, “manuntenção” e tempo cíclico. 7 (sete) também significa completude e refere-se, entre outros aspectos, aos Sete Espíritos de HaShem (Yeshaiahu 11:2 / Apocalipse 3:1)
Preparada em 8 aprile, 2005 – 28 Adar II, 5765, para Preparada para os membros da Sinagoga Sêh HaElohim e disponibilizada para os leitores do CafeTorah em 24 de Nissan, 5766 – 22 abril, 2006
Nas bênçãos do Eterno e na luz do Mashiach
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© Rav J. Pietro B. Nardella Dellova, 44, Mestre em Direito pela USP (A Crise Sacrificial do Direito: um estudo de René Girard, Martin Buber e Yeshua). Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP (A Palavra Como Construção do Sagrado: um estudo da Poesia em Heidegger e Osman Lins). Pós-graduado em Direito Civil (Os Direitos da Personalidade). Pós-graduado em Literatura Brasileira (A Palavra Multifacetada: do grau zero e outros graus da palavra). Formado em Filosofia e em Direito. Poeta e Membro da União Brasileira de Escritores – UBE. Autor dos livros: AMO, NO PEITO e ADSUM. Ex-membro da Comissão de Bioética e Biodireito da OAB/SP. Darsham (predicatore) e Mestre (Rav) da Sinagoga Sêh HaElohim-Scuola (originada da Sinagoga Scuola (Beit HaMidrash), Lazio, Itália). Membro ativo da Ordem dos Advogados do Brasil e da Associação dos Advogados de São Paulo. Consultor e Palestrista. Professor de Direito Civil, Ética e Filosofia do Direito em São Paulo. Coordenador dos Cursos de Direito da Faculdade de Jaguariúna e da Faculdade Policamp, em SP.
veja textos em:
http://www.faj.br/artigos.php
http://www.policamp.edu.br/artigos.html
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