Beith Bek – Al Araj foi até o independência do Estado de Israel um pequeno posto militar sírio, parte das muitas fortificações que visavam determinar o limite do país e ao mesmo tempo base para uma constante agressão aos novos residentes da região, os judeus que estavam voltando a sua pátria natal. Após a Guerra da Independência os sírios e árabes em geral tornaram vida dos judeus muito amarga na região, mas esta situação mudou com a Guerra dos Seis Dias, quando Israel passou a controlar toda a região.
Berço do Cristianismo
Esta região que está localizada as Margens do Mar da Galiléia e no leito do Jordão, se une a outras duas cidades que já tiveram suas identidades completamente comprovadas, Cafarnaum e Corazim. Betsaida por sua vez nunca foi identificada definitivamente, até agora o local mais aceito era Tel Zachi, as ruínas da Cidade de Geshur, o rei que era genro do Rei Davi, cuja filha era Maaca, ela casou-se com Davi e tiveram dois filhos, Absalão e Tamar. Todos eles eram figuras importantes nos dias de Davi.
A distância entre Betsaida – Beth Habek e Betsaida – Tel Zachi é de menos de 5 quilômetros, e ambas as cidades desapareceram por volta do final do século I, e pode ser que estivessem interligadas como outras cidades na Terra Santa, como Ashdod e Ashdod Marítima eram ligadas por um corredor. Da mesma forma Yavneh(Javné) e Yavneh Marítima.
A Cidade de Geshur por sua vez era a capital de um reino Arameu independente dentro do território de Israel, e os historiadores e arqueólogos chegaram a conclusão que suas ruínas eram as melhores candidatas a cidade de Betsaida, mas no ano passado este quadro começou a mudar com as primeira descobertas em Beit Habek – Al Araj. Mais detalhes sobre as descobertas do ano passado podem ser lidas aqui:
Primeiras descobertas em Al Araj – Beith Habek
Arqueólogos podem ter encontrado a cidade natal de André, Pedro e Felipe
Este ano tivemos o privilégio de visitar e ver com nossos próprios olhos os resultados das escavações, e as descobertas são animadoras.
No local podem ser vistas sobrepostas diversos períodos diferentes de civilizações, desde o romano, passando pelo período bizantino, o islâmico anterior, o período dos cruzados, o islâmico posterior e por fim o período pré-independência de Israel.
Beit Habek – Al Araj se encontram em um limite entre o que era a Galiléia e a região da Síria, bem como Cafarnaum e Corazim. Durante as escavações os arqueólogos encontram cerâmica, moedas, lâmpadas, peças de chumbo e anzóis, que comprovaram a existência da cidade em cada um de seus períodos correspondentes, dependendo dos artefatos. Mesmo diante de relativas poucas trincheiras, as descobertas revelam em parte a presença de uma cidade romana que de alguma forma foi soterrada, e após alguns séculos, foi construída sobre ela a cidade bizantina.
Durante os períodos posteriores ao romano que se iniciou na metade do primeiro século AC e se expandiu até o final do terceiro século DC, pode-se ver claramente o re-aproveitamento de estruturas, colunas e artefatos em geral, isto é algo muito comum em períodos de civilizações próximas em termos de tempo, já bem mais incomum quando existem grandes intervalos entre elas.
Possível Igreja ou Monastério do Século IV
No Século IV chegou a região Helena, mãe de Constantino, e com ela a construção de diversas igrejas e monastérios e cada lugar relacionado com a vida de Jesus. O complexo que está sendo revelado em Beit Habek – Al Araj pode ser mais um resultado desta grande tendência de investimentos que ocorreram nesta época na Terra Santa.
Por volta do sétimo século, com a invasão árabe na região, muitos deste lugares acabaram pode serem abandonados, e isto explica o fato de que a localidade só voltou realmente a florescer por volta do século XI, quando os cruzados começaram as suas investidas na região. Infelizmente o Reino do Paraíso ou Reino de Jerusalém, durou pouco mais de 100 anos.
Fábrica de Açúcar no Século XI
Uma das descobertas mais interessantes que podemos ver em Beit Habek – Al Araj são os artefatos e a estrutura onde se desenvolveu uma fábrica de açúcar ou melado. Os arqueólogos encontraram um moinho, garrafas e funis para filtra o melado. Esta descoberta lança luz neste processo industrial há mais de 1000 anos que já era desenvolvido aqui na Terra Santa.
Piso e Parede Romana, um grande desafio para as próximas temporadas
Em minha opinião, a grande descoberta, mesmo sendo aparentemente sem muitos detalhes, foi a revelação do piso romano, acompanhado da moeda de Agripas II, o mesmo rei que aparece no livro de Aros dos Apóstolos, isto demonstra que a cidade era parte da região controlada por ele, tornando-a uma excelente candidata a Beitsaida – Yulias, descrita no Novo Testamento.
Creio que o desafio é expandir as escavações neste período, afim de identificar se realmente se trata desta importante cidade descrita nos evangelhos. Para que isto siga adiante e possam ser encontradas mais evidências de Betsaida da Bíblia, será preciso muito mais investimentos e voluntários.
Tel Tzahi, até agora considerada a Beith-Tsaida(Betsaida) do Novo Testamento